quarta-feira, 11 de abril de 2012

Companheira Camila: PRESENTE!


Já a um tempo não passo por aqui, e me angustia muito pensar o que me motiva a escrever novamente...

A que ponto a miséria do capitalismo pode levar alguém? Alguém cuja consciência dessa miséria era bastante conhecida. Alguém cuja tamanha sensibilidade faz com que a dor dessa miséria, a dor da opressão seja tão desesperadora que viver em meio a isso se torna insuportável. Literalmente insuportável, em seu sentido mais correto. Que realmente não suporta mais, e tomba. Uma lutadora que tomba em batalha, pois em tempos como esse em que vivemos, só de estar vivo com a clareza e sensibilidade de que é necessário lutar para mudar isso tudo, essa é a primeira batalha. Manter-se vivo. 

E qual o papel dos revolucionários frente a uma situação como essa?

 O papel de lutadores, claro! Daqueles que se indignarão frente a essa perda, e terão muito mais certeza da necessidade de acabar com a doença que matou a companheira, a doença do capitalismo. A mesma doença que fez um jovem atear fogo em seu próprio corpo na Tunísia, no início de 2011, dando o pontapé inicial da Primavera Árabe. A mesa doença que matou o aposentado grego há algumas semanas. Lutar pelo fim desse modo de produção, que todos os dias matam pessoas, trabalhadores, lutadores da batalha diária que é manter-se vivo dentro desse sistema. Lutar pelo fim desse sistema de opressão e exploração, que tanta dor causa à tantas e tantas pessoas, conscientes ou não da causa dessa dor. Oprimidos e explorados. Lutar por um mundo onde não mais haja exploração do capital, onde não mais haja monopólios, onde o Imperialismo seja apenas uma passagem da história. 


Mas antes de tudo isso, o grande papel dos revolucionários frente a esta situação, o verdadeiro papel dos revolucionários, que nos fará conseguir levar adiante o papel de lutadores, é o papel de seres humanos! Seres com qualidades humanas! Porque é exatamente isso que faz dos lutadores, pessoas revolucionárias. Toda a miséria do capitalismo levou a que a grande maioria das pessoas hoje perdesse as qualidades humanas, são “milhões de vasos sem nenhuma flor”. A dor da perda de uma companheira, de uma lutadora, de uma amiga, transformada em raiva do sistema que levou a essa trágica decisão, transformada no ódio que nos move! No ódio, que é o que nos faz seguir em frente, seguir na luta. Porque a luta não pode ser somente contra o modo de produção, contra o imperialismo, contra o trabalho assalariado. A luta é pela sociedade comunista! A luta é por uma sociedade humana, onde ninguém mais sinta a necessidade de se questionar o porquê de estar vivos! Que as pessoas estejam vivas e vivendo, e não apenas sobrevivendo! E isso começa agora, isso começa com nós. Ser sensível com a sensibilidade alheia. Assim como tiramos lições de nossas derrotas, temos também que aprender com nossas perdas. E que essa perda sirva, de uma maneira triste, mas revolucionária, para que valorizemos os que estão ao nosso lado nessa grande batalha, aqueles que estão ombro a ombro conosco, dedicando suas vidas à essa luta, justamente por essa luta ser o que nos mantém vivos. Pois no limite, na luta pela construção da sociedade comunista, são esses que estarão ao nosso lado até o fim, são os camaradas, os companheiros, os lutadores. Que essa perda nos ensine a sermos mais sensíveis, que nos ensine a desenvolver nossas relações, aprofundar nossas amizades. Que sejamos camaradas por completo, partilhando nossas lutas, nossas alegrias, mas principalmente nossas dores e angústias. Que confiemos plenamente naqueles que caminham conosco nessa jornada, que são aqueles a quem confiaremos a vida nos momentos de luta acirrada, e a quem protegeremos com a vida. 

Porque tão revolucionário quanto um dia inteiro de intensa militância e estudos, é a pergunta “e aí, como você está?” no final do dia. 

À todos que tombaram em meio a batalha de viver: PRESENTE! Agora, e sempre!
Avante companheiros!

2 comentários:

  1. Concordo que temos que ser companheir@s em qualquer momento, dentro e fora da universidade e respeitando a diversidade, lutando por causas e pessoas justas. Com esperança de furarmos as bolhas que nos são impostas diariamente e alargarmos os minúsculos buracos das peneiras cotidianas. Novamente desejo que a Camila e tantos outros pares estejam em "Um Bom Lugar". Muita paz aos merecedores. CHELLMÍ - JOVEM ESCRITOR PAULISTA

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  2. Gostei muito, Iaci! Está mais do que na hora de valorizarmos a sensibilidade dos que entregam sua vida à mais justa das causas. Bjo

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