terça-feira, 24 de maio de 2011

2011. Ano atípico.

2011. Ano atípico. Não só por ser um número ímpar, embora eu tenha uma certa aversão a números ímpares. Tendo a me incomodar com assimetrias. Números ímpares são assimétricos por natureza. E 11 não é um número bonito. São ‘dois uns’. Possui uma péssima sonoridade. ON-ZE. Soa fanho. Não é agradável de ouvir. Ah, por falar em sonoridade agradável, já ouviram a música ‘Oração’, d’A Banda mais bonita da cidade? Não, não sei se a banda é a mais bonita da cidade. Alias, nem sei de que cidade é. É só o nome da banda. Estranho né? Também achei. Tem uma rima pobre, e é incansavelmente repetitiva. Mas é um projeto interessante. Tem um clipe bonitinho, variedade de instrumentos e um delicioso arranjo de vozes. Ei, calma lá! É só minha opinião. Não entendo de música. Nem de poesia. Só achei agradável.

Mas o que eu dizia mesmo?

Ah é! A imprevisibilidade do ano.
2011. Ano atípico. Não porque começou com 270 demissões de trabalhadores da USP, completamente ilegais. Nem porque foram abertos processos criminais contra nove trabalhadores da Unicamp, por causa de uma greve aí que eles fizeram. Oi? Não, tá certo, são criminais mesmo. Eles podem ser presos. Eu juro, verdade! Ah, também, quem manda fazer greve né? Eles ganham super bem, trabalham muito pouco, tem todos os direitos respeitados. Ah não? Não é isso? Sério, são precarizados??? Teve quebra da isonomia salarial, eles ganharam menos aumento do que os professores?? O queeeee?? É mesmo, greve é direito dos trabalhadores, garantido constitucionalmente???? Poxa vida!

2011. Ano atípico. Mas também não foi porque houveram várias grandes manifestações em várias cidades do país inteiro contra o aumento da tarifa de ônibus. Nem porque algumas delas foram brutalmente reprimidas pelos cães de guarda do governo pela polícia militar. Ah, mas reclamar por 3 reais!! Todo mundo tem 3 reais!! Ou cerca de 150 reais por mês, se você trabalha cinco dias por semana (e por favor, fique em casa no fim de semana! Lazer é luxo de poucos!). Aposto que os trabalhadores precarizados, terceirizados, que ganham menos do que um salário mínimo, pagam aluguel, sustentam família, podem gastar isso com transporte. O seu, e o do seu filho. A criança tem que ir pra escola. Pra ser alguém na vida. Com essa educação? Ah, deixa pra lá vai!
Mas por falar em terceirizados, ouvi dizer de uma tal de uma greve na USP, com apoio daquele tal de SINTUSP. Pra que, né?? O que é trabalhar o mês inteiro sem receber NADA por isso? Bobagem!  É, nada mesmo. NA-DA. O que é ver trabalhador morrer em serviço e nada ser feito a respeito? - além da rapidez em sumir com o corpo! – Tão típico.

2011. Ano atípico. Mas não porque o Movimento Estudantil, diante de todos esses típicos acontecimentos em apenas 5 meses de ano, está levemente apático. Levemente. Apático diante dos ataques a estudantes na Usp, Unesp, Unicamp, Fundação Santo André e, com certeza, em várias outras universidades. Apático diante dos ataques aos trabalhadores. Afinal, sou estudante, o que aquela mulher que limpa o chão tem a ver comigo? Nada. Até o seu lixo ser espalhado pelos corredores. Que ela limpa. “A luta de classes, expulsa das salas de aula, voltou aos corredores da USP pelo banheiro!” disse um professor. Lincoln Secco. Achei genial.  Há também os 'reaça'. Ouvi dizer que ser 'reaça' ta na moda. Tem o estudantes que gritam pela presença da polícia. Querem proteção. Querem segurança. Não querem saber dos negros mortos nas favelas. Pela polícia. Não querem saber das mulheres estupradas nos morros. Pela polícia. Não querem saber do homossexual agredido na Paulista. Pelos fascistas. Pelos Bolsonaros. Pela polícia. Não na Paulista! Seria escancarado demais. Nos becos.

2011. Ano atípico. No mundo? Não, não. Nada mais típico do que os levantes no Magreb. Queda de ditador. Os ventos revolucionários que sopraram no norte da África e no Oriente Médio chegaram ao Mediterrâneo. A Espanha grita! A crise a corrói. Sua juventude quer emprego! Juventude revolucionária. Como toda deve ser. Ao que parece, nem todo jovem é vagabundo que quer curtir a vida adoidado. Quer seus direitos. Quer trabalhar.

2011. Um ano atípico! Por que afinal? Porque eu fiz um blog! E isso sim é algo atípico. O resto não. Normal. Dia-a-dia. Bobagem. Quase nada. Ou não!

Alguém uma vez disse algo parecido com “A vida é bela. Que as gerações futuras a limpem que todo o mal, de toda opressão, de toda violência e possam gozá-la plenamente.”. Um tal de Trotsky. Sujeito esperto. Sejamos nós essa geração futura!

Sejam muito mais do que bem vindos. Sejam o reverso da submissão!

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